domingo, 22 de fevereiro de 2009

literatura caseira



(cont.) "No dia seguinte, o Armando falou à Luzia num senhor que costuma ir muitas vezes à oficina, para mandar fazer móveis. O patrão chamava-lhe Senhor Arquitecto. Vinha de automóvel da cidade; sempre cheio de pressa, trazia desenhos de móveis, com as medidas todas apontadas e quem seguisse as suas indicações não se enganava. Agora esse Senhor tinha alugado uma casa à beira do pinhal de Fontenelas e pedira ao Armando para lhe ir lá fazer uns arranjos fora das horas de serviço; por tal razão, não passaria mais pela casa da Luzia, como de costume, depois das cinco. a rapariga não gostou, mas pensando que era para bem de ambos, teve de se conformar.
— São coisa simples — disse Armando — que eu vou fazer. Parece que estou a ouvir o senhor Arquitecto falar: "Para o conforto duma casa interessam móveis simples, cómodos, racionalmente estudados para cada fim." Não gosta nada de mobílias completas, daquelas que se compram nas lojas, cheias de espelhos, puxadores e arrebiques, que ocupam muito espaço e não têm arrumação. Deu-me vários desenhos que trago aqui, para eu executar.
— E tu sentes-te com coragem para isso? — duvidou Luzia. Armando estava tão entusiasmado com a sua incumbência que logo continuou:
— Olha este aparador tão maneirinho, tão singelo e vê quanta louça cabe lá dentro! Ou este ou aquele que temos lá em casa, muito alto e complicado, — troçou Armando, — onde só cabem meia dúzia de chávenas, um bule e pouco mais. O resto está na cozinha numa prateleira ao pó e às moscas!...
— Repara nestas mesas de casa de jantar — continuou Armando.
— Qualquer delas se pode tornar mais pequena, depois de servir. Fechadas pouco espaço ocupam!
A Luzia olhava para aqueles desenhos e pensava já na casa que havia de ter. Como seria linda!
— Estes arquitectos têm ideias! — Vê como se arranjam camas que durante o dia deixem espaço livre para a gente se movimentar. " (cont.) (Quem Casa Quer Casa, Colecção Educativa)

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